Rubens Ianelli (n. 1953), herdeiro de uma linhagem artística de peso (filho de Arcangelo e sobrinho de Thomaz Ianelli), forjou um caminho que honra a abstração geométrica, mas a expande com uma sensibilidade e um rigor únicos. Autodidata e profundamente multifacetado, sua obra transita com maestria entre a pintura, a gravura, o desenho e a escultura, mantendo sempre um vocabulário formal que privilegia a forma, o equilíbrio e a cor como elementos essenciais. Ianelli desenvolveu uma investigação visual que se aprofunda na relação entre o orgânico e o estruturado, resultando em composições que, embora abstratas, sugerem paisagens internas e arquétipos emocionais.
A força de Ianelli reside na sua capacidade de refinar e diversificar a técnica. Seus trabalhos dos anos 90, que exploram carvão, grafite e nanquim, revelam um domínio excepcional do desenho, onde a figura se aprimora e a linha adquire uma pureza quase filosófica. Mais tarde, ele levou esse rigor formal para as pinturas em grandes dimensões e, notavelmente, para as esculturas em ferro, transportando a investigação geométrica e o princípio de harmonia visual para o espaço tridimensional. Essa coerência formal, aliada a uma paleta de cores sóbria, mas profundamente expressiva, confere às suas peças uma qualidade atemporal.
Adquirir uma obra de Rubens Ianelli é investir em um legado de experimentação constante dentro da ordem formal. Seu trabalho é uma ponte entre o modernismo da pintura construtiva e a arte contemporânea, oferecendo ao colecionador uma peça de sofisticação intelectual e visual. A influência de suas experiências, incluindo seu trabalho com causas indígenas, é sutilmente integrada em sua produção, enriquecendo a abstração com uma profundidade que transcende a mera forma. As composições de Ianelli são um convite à contemplação e garantem um diálogo perene com os grandes nomes da arte brasileira.

